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sexta-feira, agosto 18, 2006

Historia do Cristianismo - Capítulo 02

HISTÓRIA DO CRISTIANISMO

INTRODUÇÃO – Parte II


IV – A Organização da História da Igreja

A – Divisões da História da Igreja

Por uma questão de conveniência, a história da Igreja pode ser organizada a partir dos seguintes tópicos:

1 – O Elemento político envolve as relações entre a Igreja e o Estado, bem como o ambiente secular da Igreja. Ninguém poderá entender como se inverteu na política francesa a situação criada pela Constituição Civil do Clero em 1790 para a situação criada pela Concordata de Napoleão, em 1801, sem saber como Napoleão destruiu o elemento democrático da Revolução Francesa e criou um novo sistema autoritário em que a Igreja (Católica Romana) era a única a contar por ser a religião da “maioria dos franceses”. Uma compreensão das forças políticas, sociais, econômicas e artísticas em operação na história é essencial para quem vai interpretar a história da Igreja. Estas informações serão dadas quando forem apropriadas.


2 – A propagação da fé cristã não pode ser ignorada. Ela envolve o estudo de missões estrangeiras, missões nacionais e missões urbanas, além da história das estratégias adotadas na comunicação do Evangelho. A história de missões tem seus heróis e mártires e é parte integrante da história da Igreja. A natureza essencial do encontro pessoal na propagação do cristianismo e as possibilidades ilimitadas para um crente fiel e seu Senhor se evidenciam num estudo da propagação da fé.


3 – Esta propagação provocou, em muitas circunstâncias, a perseguição à Igreja, perseguição esta começada pelo estado político-eclesiástico judeu, organizada sob base imperial por Décio e Diocleciano, integrada ao sistema muçulmano e ressuscitada pelos estados totalitários de hoje.

O estudo das perseguições revela a afirmação de Tertuliano de que o sangue dos mártires é a semente da Igreja. Este capítulo da história da Igreja, longe de desencorajar, mostra que a Igreja deu seus grandes saltos nos períodos de perseguição ou imediatamente subseqüentes.


4 – A administração é outro capítulo da história da Igreja. É o estudo do governo da Igreja, observando se é através dos bispos (episcopado [metodista}), através dos presbíteros (presbiterianismo), através da congregação num sistema de democracia mais direta do que representativa (congregacionalismo) ou através de qualquer sistema elaborado a partir desses três. Integra esse tópico também o estudo da posição do ministro e a evolução da distinção entre o clero e o laicato. Disciplina e formas de adoração (liturgia) estão ligadas a este ponto.


5 - A polêmica, que se refere à luta da Igreja para combater a heresia e manter firme a sua própria posição, é um importante aspecto da história da Igreja. E nela está envolvido o estudo das heresias adversárias e a formulação de doutrinas, de credos e da literatura cristã como resposta às heresias. A literatura dos Pais da Igreja é um campo extremamente rico para o estudo da polêmica, sejam os escritos de Justino Mártir, respondendo a argumentação de que o Estado era tudo na vida, ou o pensamento de Irineu, mostrando as heresias em que incorriam os vários tipos de gnosticismo. A maioria dos sistemas teológicos nasceu num período de luta para enfrentar as necessidades presentes. As épocas entre 325 e 451 e entre 1517 e 1648 se caracterizam pela presença da polêmica. Calvino desenvolveu seu sistema teológico na intenção de uma teologia bíblica que não apresentasse os erros do catolicismo romano.


6 – Ainda outra seção do nosso estudo pode ser chamada de práxis, por considerar o trabalho prático na vida do cristão. A vida familiar, a obra social e a influência do cristianismo sobre a vida diária são partes deste capítulo da história da Igreja, que envolve o estilo de vida da Igreja.


7 – O cristianismo não continuaria crescendo se parasse de atentar para o problema da apresentação ou propaganda. A apresentação trata do estudo do sistema educacional da Igreja, sua hinologia, liturgia, arquitetura, arte e pregação.

Cada um destes capítulos será discutido no período em que se fizer importante, embora nem todos sejam desenvolvidos detalhadamente em cada um desses períodos. E podem ser o centro de estudos fascinantes para aqueles que se interessam e tenham uma formação básica necessária.



B – Períodos da História da Igreja

O estudante deve se lembrar que a história é uma “túnica inconsútil”. Por isto, Maitland disse que história é um rio contínuo de eventos dentro da estrutura do tempo e do espaço. Para esta razão, a periodização da história da Igreja é apenas um recurso artificial para colocar os dados da história em segmentos facilmente perceptíveis e ajudar o estudante a guardar os fatos essenciais. O povo do Império Romano não dormia uma noite na era antiga e acordava na manhã seguinte na Idade Média. Há, então, uma transição gradual ente uma forma de vier de um período para outro.

É conveniente, então organizar a história cronologicamente.


HISTÓRIA DA IGREJA ANTIGA, 5 a.C. – 590 d.C.

O primeiro período da história da Igreja, revela a evolução da Igreja Apostólica para a Antiga Igreja Católica Imperial, e o início do sistema Católico Romano. O centro da atividade era a bacia do Mediterrâneo, que incluía regiões da Ásia, África e Europa. A Igreja operou dentro do ambiente cultural da civilização greco-romana e do ambiente político do Império Romano.


1 – O Avanço do Cristianismo no Império até 100

Nesta seção, a atenção será dada ao ambiente em que a Igreja nasceu. A fundação da Igreja na vida, morte e ressurreição de Cristo e sua fundação entre os judeus são importantes para se compreender a gênese do cristianismo. O crescimento gradual do cristianismo dentro dos quadros do judaísmo e a ruptura desses quadros no Concílio de Jerusalém antecedem a pregação do Evangelho aos gentios por Paulo e outros, e também a emergência do cristianismo como uma seita separada do judaísmo. Chamar-se-á atenção ainda para o papel fundamental exercido pelos apóstolos neste período.


2 – A Luta da Antiga Igreja Católica Imperial para Sobreviver, 100-313

Neste período, a Igreja teve sua existência constantemente ameaçada pela oposição de fora: a perseguição pelo estado romano. Os mártires e os apologistas deram a resposta da Igreja a este problema externo. A Igreja também enfrentou o problema interno da heresia, tendo os polemistas fornecido a resposta cristão a ela.


3 – A Supremacia da Antiga Igreja Católica Imperial, 313-590

A Igreja enfrentou os problemas decorrentes de sua reconciliação com o Estado sob Constantino e sua união com o Estado ao tempo de Teodósio. Logo ela se viu dominada pelo Estado. Os imperadores romanos queriam uma doutrina unificada a fim de unificar o estado e salvar a cultura greco-romana. Os cristãos, porém, não tinham conseguido criar um corpo de doutrina no período da perseguição. Seguiu-se, então, um longo tempo de controvérsias doutrinárias. Os escritos dos Pais gregos e latinos, autores de mentes cientificamente privilegiadas, apareceram como conseqüência de disputas teológicas. O monasticismo surgiu, em parte como reação e em parte como protesto contra a crescente mundanização da igreja institucional e visível. Nesta época, o ofício de bispo foi fortalecido e o bispo romano aumentou o seu poder. Ao término do período, a Antiga Igreja Católica Imperial transformou-se em Igreja Católica Romana.



História da Igreja Medieval, 590-1517

O palco da ação neste período muda-se do sul para o norte e oeste da Europa, isto é, para as margens do Atlântico. A Igreja Medieval, diante das levas migratórias das tribos teutônicas, lutou para trazê-las ao cristianismo e integrar a cultura greco-romana e o cristianismo como instituições teutônicas. Ao intentar isto, a Igreja medieval acabou por centralizar sua organização debaixo da supremacia papal, desenvolvendo um sistema sacramental-hierárquico que caracteriza a Igreja Católica Romana.


4 – O Surgimento do Império e do Cristianismo Latino-Teutônico, 590-800

Gregório I (540-604) emprenhou-se muito na tarefa de evangelizar as tribos teutônicas invasoras do Império Romano. A Igreja oriental, neste período, enfrentou a ameaça de uma religião rival, o Islamismo, que tomou muitos de seus territórios na Ásia e na África. Lentamente, a aliança entre o papa e os teutões foi dando lugar a organização da sucessão teutônica ao velho Império Romano, o Império Carolíngio de Carlos Magno. Este foi um período de pesadas perdas.


5 – Avanços e Retrocessos nas Relações entre Igreja e Estado, 800-1054

O primeiro grande cisma da Igreja aconteceu neste período. A Igreja Ortodoxa Grega, depois de 1054, seguiu seus próprios caminhos à base da teologia estática criada por João de Damasco (c. 675- c. 749) no século oitavo. A Igreja ocidental nesta época feudalizou-se e procurou, sem muito sucesso, desenvolver uma política de relações entre a Igreja Romana e o Estado que fosse aceita tanto pelo papa quanto pelo imperador. Por esta época, os reformadores de Cluny intentaram corrigir os males dentro da própria Igreja Romana.


6 – A Supremacia do Papado, 1054-1305

A Igreja Católica medieval chegou ao clímax do poder sob a liderança de Gregório VII (Hildebrando, c. 1023-1085) e Inocêncio III (1160-1216), conseguindo forçar uma supremacia sobre o Estado pela humilhação dos soberanos mais poderosos da Europa. As cruzadas trouxeram prestígio para o papado. Monges e freiras espalharam a fé romana e reconverteram dissidentes. A filosofia grega de Aristóteles, levada à Europa pelos árabes da Espanha, foi integrada ao cristianismo por Tomás de Aquino (1224-1274) numa espécie de catedral intelectual que se tornaria a expressão máxima da teologia romana. A catedral gótica era a visão sobrenatural e supramundana do período e fornecia uma “Bíblia de pedra” para os fiéis. A Igreja Romana seria apeada deste poder no período seguinte.


7 – O Ocaso Medieval e o Renascimento Moderno, 1305-1517

Tentativas internas para reformar um papado corrupto foram feitas pelos místicos, que lutaram para personalizar uma religião que se institucionalizara demasiadamente. Tentativas de reformas foram feitas também por reformadores primitivos, tais como os místicos, John Wycliffe e John Huss, concílios reformadores e humanistas bíblicos. A expansão geográfica do mundo, a nova visão intelectual secular da realidade na Renascença, o surgimento das nações-estados e a emergência da classe média se constituíram em forças externas que logo derrubariam uma Igreja corrupta e decadente. A recusa da parte da Igreja Romana em aceitar a reforma interna tornou possível a Reforma.



HISTÓRIA DA IGREJA MODERNA, 1517 e depois

Este período foi iniciado por um cisma que resultou na origem das igrejas-estados protestantes e na divulgação universal da fé cristã pela grande vaga missionária do século XIX. O palco da ação não era mais o mar Mediterrâneo nem o oceano Atlântico, mas o mundo. O cristianismo tornou-se uma religião universal e global.


8 – Reforma e Contra-Reforma, 1517-1648

As forças de revolta contidas pela Igreja Romana no período anterior irromperam agora e novas igrejas protestantes nacionais surgiram: a luterana, anglicana, calvinista e anabatista. Como resultado, o papado foi obrigado a tratar da reforma. Com os movimentos contra-reformadores do Concílio de Trento, dos jesuítas e da inquisição, o papado conseguiu brecar o avanço do Protestantismo na Europa e ter vitórias nas Américas do Sul e Central, nas Filipinas e no Vietnã e experimentando uma renovação. Só depois do Tratado de Vestfália (1648), que pôs fim à triste Guerra dos 30 anos, os dois lados se estabeleceram para consolidar suas conquistas.


9 – Racionalismo, Reavivamentismo e Denominacionalismo, 1648-1789

Durante este período, as idéias calvinistas da Reforma chegaram aos Estados Unidos da América do Norte através dos puritanos. A Inglaterra legou à Europa um racionalismo cuja expressão religiosa era o Deísmo. Por outro lado, o Pietismo apresentou-se como a resposta à ortodoxia fria; sua expressão na Inglaterra foram os movimentos quacre e wesleyano.


10 – Tempos de Reavivamentos, Missões e Modernismo, 1789-1914

Na primeira parte do século XIX houve um reavivamento do catolicismo. Sua contraparte protestante foi um reavivamento que criou um amplo movimento missionário no estrangeiro e provocou uma reforma social interna nos países europeus. Mais tarde, as forças destrutivas do racionalismo e do evolucionismo levaram a uma “ruptura com a Bíblia” que se expressou no liberalismo religioso.


11 – A Igreja e a Sociedade em Tensão desde 1914

A Igreja, em grande parte do mundo, enfrenta o problema do estado secular e freqüentemente totalitário. O modernismo sentimental do início do século XX deu lugar à neo-ortodoxia e seus sucessores. O movimento para a reunião das Igrejas continua. Uma corrente evangélica crescente está emergindo.

Será útil aprender e, periodicamente, revisar estas divisões básicas da história da igreja.

O próximo artigo desta série é A PLENITUDE DOS TEMPOS

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