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sexta-feira, agosto 18, 2006

História do Cristianismo - Capítulo 01

Introdução

A curiosidade pelo passado é uma das características do homem, desde pessoas como o antiquário Nabonido da Caldéia até os arqueólogos e historiadores de hoje. Os cristãos nutrem um interesse especial pela história, porque os fundamentos da sua fé estão firmados na história. Deus fez-se homem e viveu no tempo e no espaço na pessoa de Cristo. O Cristianismo tem sido a mais global e universal de todas as religiões que surgiram no passado no Oriente Próximo e no Oriente Médio. Além disso, tem sido cada vez mais influente na história da raça humana. A história da igreja é, pois, um assunto de enorme relevância para o cristão que deseja estar informado sobre sua herança espiritual, para imitar os bons exemplos do passado, e evitar os erros que a igreja freqüentemente tem cometido.


I – Que é História da Igreja?

O substantivo alemão geschichte, uma forma de verbo geschelen, que significa acontecer, refere-se à história mais como evento do que como processo ou produto. Assim, história pode ser definida, primeiramente, como um acontecimento, um evento real, ou seja, que acontece no tempo e espaço como resultado da ação humana. Tal acontecimento é absoluto e objetivo e só pode ser conhecido direta e plenamente por Deus. Tal história não pode se repetir exatamente mais tarde em outro lugar. Paralelos e padrões podem aparecer para ó historiador, porque pessoas podem se comportar semelhantemente em tempos e locais diferentes e porque elas são pessoas que podem ser afetadas pelo bem ou pelo mal.

Informação a respeito de um acontecimento é um segundo significado para a palavra história. Esta informação sobre o passado, usualmente indireta, pode estar em forma de documento ou objeto relacionados ao acontecimento. Diferente do cientista que pode estudar seu material objetiva e diretamente, o historiador está subjetivamente limitado porque ele é uma parte do que estuda e tem de levar em consideração as ações de Deus no tempo e espaço, considerar o papel do homem na história como um agente livre, e compreender que seus dados são indiretos. A história como um agente livre, e compreender que seus dados são indiretos. A catedral de São Pedro em Roma, as catacumbas, uma bula papal e mosaicos na Ravena são exemplos de história como informação.

A palavra história vem da palavra grega historia, que é derivada do vergo grego historeo. Esta palavra foi usada pelos gregos da Ática e significava originalmente, aprender pela pesquisa ou investigação. Paulo usou o termo em Gl 1:18 para descrever seu encontro com Pedro em Jerusalém. Isto leva a um terceiro significado de história, como investigação ou pesquisa para checar e achar dados acerca do passado. História é uma ciência distinta com um processo de pesquisa. O historiador testa a autenticidade, genuinidade e integridade de sua informação por meio de um cuidadoso estudo do background e texto e seu material. Induções válidas podem também ser desenvolvidas à medida que o estudioso vê padrões aparecerem objetivamente em seu material.

O historiador que, dessa forma, procura respostas para as questões do quem? que? e quando? ou onde? deve então considerar a pergunta pelo significado de seus dados. Os gregos, que usaram a palavra historikos como outro termo para história, pensavam na história como sendo o produto da investigação. Isto sugere a interpretação como um quarto significado de história. Ela é a reconstrução subjetiva do passado, à luz dos dados colhidos, dos pressupostos do historiador e do “clima da opinião” do seu tempo, além do elemento da liberdade da vontade humana. Tal reprodução nunca consegue contar totalmente o passado, porque uma vez que ela é parcial, é sujeita a erros e pressuposições humanos. Um consenso acerca do passado irá emergir, porém, à medida que um historiador examina o trabalho de outro. Estudantes, em salas de aula, geralmente estudam este tipo de história. Embora a verdade absoluta acerca do passado possa ser objeto de frustração para o historiador, ele irá, conforme seus dados permitirem, apresentar a verdade acerca do passado de um modo objetivo e imparcial.

Desta discussão o estudante deverá ficar cônscio de que história pode ser evento ou acontecimento, pesquisa ou processo e produto, ou interpretação. A história como evento, é absoluta, ocorrendo somente uma vez no tempo e espaço; mas história como informação, pesquisa e interpretação, é relativa e sujeita a mudança. A história pode ser definida como o relato interpretado do passado humano socialmente importante, baseado em dados organizados e reunidos pelo método científico a partir de fontes arqueológicas, literárias ou vivas. O historiador da Igreja deve ser tão imparcial na coleta de dados da história quanto o historiador secular, muito embora reconheça que ninguém pode ser neutro diante dos dados, uma vez que cada um tratará do material com uma estrutura própria de interpretação.

A história da Igreja, portanto, é o relato interpretado da origem, progresso e impacto do cristianismo sobre a sociedade humana, baseado em dados organizados e reunidos pelo método científico a partir de fontes arqueológicas, documentais ou vivas. Ela é a história interpretada e organizada da redenção do homem e da terra. Somente se esta definição for observada é que o estudante cristão de história poderá fazer um relato cuidadoso da história da Fé que ele professa. Neste ponto, os filhos da luz não podem ficar atrás dos filhos das trevas. Deus é transcendente em relação à criação, mas imanente na história e na redenção.


II – A Produção de uma História da Igreja

A – O Elemento Científico – A história da Igreja terá um elemento científico na medida em que o historiador eclesiástico usar o método científico. O historiador usa o labor científico do arqueólogo, que revela os dados remanescentes do passado que desencavou. O estudo da arte das catacumbas de Roma tem nos ensinado muito sobre a Igreja primitiva.


O autor de uma história da Igreja precisará ainda usar as técnicas da crítica literária para avaliar os documentos da história da Igreja. Ele terá que privilegiar as fontes originais, sejam elas levantadas pelo arqueólogo, mostradas pelos documentos ou contadas por testemunhas oculares. Todo este material, convenientemente avaliado, informa acerca das questões vitais do método histórico: que, quem, quando e onde. As duas últimas questões são importantes para o historiador porque os eventos históricos são condicionados pelo tempo e pelo espaço.

O trabalho do historiador é científico em relação aos métodos, mas não resultará em ciência exata porque sua informação acerca dos acontecimentos do passado pode ser incompleta ou falsa, lida à luz de seus próprios pressupostos e pelos de seu tempo e afetados pelos grandes homens. Ele é também um agente livre que é parte de seus dados. Deus como um ator na história inviabiliza a idéia de história como uma ciência exata.


B – O Elemento Filosófico – Os historiadores se dividem em escolas de histórias e filosofias da história conforme eles procuram significado na história. A reivindicação antiga era achar causação objetiva e científica no homem, natureza ou processo no tempo; mas os racionalistas posteriores procuram relacionar os dados a um ultimato ou absoluto sem tempo.

Geógrafos e economistas deterministas, juntamente com biógrafos constituem três das mais importantes escolas de história. William W. Sweet, da escola pioneira de interpretação da história da igreja, em seus livros sobre a história da igreja americana fez da geografia o fator determinante. A obra de Carlyle sobre Cromwell ilustra a escola biográfica ou “grandes homens” de história, quando ele tornou a Guerra Civil Inglesa de meados do século XVI uma reflexão de Cromwell. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, de Max Weber, na qual ele alega que o protestantismo levou ao surgimento do Capitalismo, é um exemplo da escola econômica da interpretação. Tais intérpretes da história olham para as respostas à história no homem, natureza ou processo.

Filosofias da história podem ser melhor consideradas sob três categorias:

1 – Um grupo pode ser chamado de pessimista. Estudando apenas a história “debaixo do sol”, estes historiadores adotam uma interpretação materialista da realidade, obcecados que estão com o fracasso do homem na história.

“A Decadência do Ocidente”, (The Decline of the West) de Oswald Spengler (1880-1936), ilustra bem este tipo de interpretação. Spengler interessava-se mais pelas civilizações do que pelas nações. Cada civilização, dizia ele, passa por um ciclo de nascimento, adolescência, maturidade, decadência e morte. A civilização ocidental, a mais nova das civilizações, está em seu período de decadência. Morrerá logo e, com ela, morrerá também o cristianismo. Obcecados com a idéia de fracasso do homem, pensadores como Spengler não vêem qualquer progresso na história. Suas interpretações podem ser simbolizadas por uma série de ciclos idênticos superpostos um ao outro, onde o Tempo é cíclico.

2 – Um segundo grupo pode ser classificado de otimista. Sua leitura da história pode ser simbolizada por um gráfico ascendente ou por níveis crescentes de uma espiral. A maioria dos intérpretes otimistas é humanista: vêem, pois, o homem, como o fator determinante principal da história. Em geral aceitam a evolução biológica e social e vêem o Tempo como linear.

A obra de Arnold J. Toynbee (1889-1975), um importante filósofo contemporâneo da história, ilustra este tipo de interpretação. Toynbee concorda com Spengler acerca da importância de se estudar a história das civilizações. Contrariamente, porém, cria que toda civilização marcha para uma meta: uma terra que seja uma província do Reino de Deus. A despeito de sua abordagem claramente espiritual da história, ele aceitava a crítica bíblica contemporânea e a teoria da evolução.

Outro otimista, Georg Wilhelm Fredrich Hegel (1770-1831), o famoso filósofo alemão do século XIX, via a história como o desdobramento do Espírito Absoluto no desenvolvimento da liberdade humana. O progresso acontece por um processo em que séries sucessivas de contradições se reconciliam até que o Absoluto se manifeste plenamente na história.

Outro pensador do século XIX, Karl Marx (1818-1883), também pertence à categoria dos otimistas. Apropriando-se da lógica de Hegel, ele rejeitou a interpretação que este fazia da realidade. Marx propôs que a matéria em movimento é a única realidade e que todas as instituições humanas, inclusive a religião, são determinadas pelos processos econômicos de produção. Para ele, uma série de lutas de classe culminaria na vitória dos operários e no estabelecimento de uma sociedade sem classes. Observe-se que a ênfase de Marx no poder do homem para redimir-se a si mesmo e ao mundo aproxima-se das propostas de Toynbee e Hegel.

3 – O terceiro grupo de intérpretes, em que o autor se coloca, pode ser descrito como otimista pessimista. Estes historiadores concordam com a ênfase dos pessimistas no fracasso do homem não-regenerado; à luz da revelação e da graça divina, são porém, otimistas em relação ao futuro do homem.

Os otimistas pessimistas abordam a história como teístas bíblicos e procuram encontrar a glória de Deus no processo histórico. A história torna-se um processo de conflito entre o bem e o mal, entre Deus e o Diabo, no qual o homem não tem qualquer esperança fora da graça de Deus. A obra de Cristo na Cruz é a garantia final da vitória certa do plano divino para o homem e para a terá, quando Cristo retornar.

A Cidade de Deus, uma defesa e uma exposição do Cristianismo por Agostinho (354-430) um dos Pais da Igreja, ilustra bem esta interpretação, embora muitos cristãos não concordem com a colocação do Milênio no atual período da Igreja. A majestade da concepção agostiniana reside na sua atribuição da criação ao Deus soberano. A extensão ou escopo da filosofia da história em Agostinho abrange toda a raça humana, ao contrário de favorecer a nação germânica, como em Hegel, ou a classe operária, como em Marx. Agostinho sustenta que o curso da história humana tem o seu centro na Cruz; a graça que flui dela opera na Igreja Cristã, o Corpo invisível de Cristo. Os cristãos, com a força divina que os fortalece, colocam-se ao lado de Deus na luta contra o mal até que a história alcance a sua consumação no retorno de Cristo.


C – O Elemento Artístico – Finalmente, o historiador deve procurar ser o mais artístico possível na sua apresentação dos fatos. Os historiadores modernos não têm se empenhado em fazer uma apresentação literariamente agradável da história como deveriam.


III – O Valor da História da Igreja

A história da Igreja será apenas um enfadonho exercício acadêmico de recordação dos fatos, se não se descobrir o seu valor para o cristão. Os antigos historiadores tinham uma grande apreciação pelos valores pragmáticos, didáticos e morais da história, o que não caracteriza a maioria dos historiadores modernos. O estudante consciente dos valores apreendidos no estudo da história da Igreja Cristã tem bons motivos para se interessar por este setor particular da história humana.


A - A História da Igreja como uma Síntese - Um dos valores fundamentais da história da Igreja está na correlação que ela faz entre os dados fatuais do passado do Evangelho, e a proclamação e aplicação futura deste Evangelho numa síntese atual que nos ajuda a compreender nossa grande herança e a inspiração para esta nova proclamação e aplicação. A história da Igreja mostra o Espírito de Deus em ação através da Igreja durante os séculos de sua existência. A teologia exegética está intimamente ligada à teologia prática na medida em que o estudante percebe o impacto da teologia sistemática sobre o pensamento e ação humana no passado.


B – A História da Igreja como um Auxílio para a Compreensão do Presente - A História da Igreja é também valiosa como explicação do presente. Podemos compreender melhor o presente se conhecermos as suas raízes no passado. A resposta à intrigante questão da presença de mais de 250 grupos religiosos nos Estados Unidos pode ser encontrada na história da Igreja. O princípio de separação surgiu na história da Igreja com a Reforma. É interessante remontar ao passado da Igreja Episcopal Protestante e ver na luta entre o poder real e o papado a origem da Igreja Anglicana. O metodista se interessa pelos primórdios de sua Igreja no reavivamento wesleyano que acabou por provocar a separação do metodismo da Igreja Anglicana. Os seguidores da fé reformada ou presbiteriana se deliciarão ao traçarem a origem de sua Igreja desde a Suíça. Assim tornamo-nos conscientes de nossa herança espiritual.

Crenças e práticas litúrgicas diferentes tornam-se mais palpáveis à luz da história pretérita. Os metodistas se ajoelham diante do altar para a Comunhão porque durante muito tempo foram uma igreja dentro da Igreja Anglicana e Wesleyana, relutante em romper com a Igreja Anglicana, mantinha seus usos litúrgicos. Ao contrário, os presbiterianos recebem a Comunhão assentados. As diferenças entre as teologias metodista e presbiteriana ficam mais evidentes quando se estuda as doutrinas de Calvino e de Armínio.

Os problemas contemporâneos da Igreja são geralmente iluminados pelo estudo do passado, pois existem padrões e paralelos na história. A recusa de muitos ditadores modernos em permitir que o seu povo tenha interesses particulares independentemente de sua vida pública no Estado é mais perceptível se se recorda que os imperadores romanos entendiam que quem tivesse uma religião pessoal estava ameaçando a existência do Estado.

A relação entre a Igreja e o Estado permanece problemática na Rússia, na China e nos estados satélites russos, de modo a não surpreender que estes estados persigam ao cristianismo, a exemplo de Décio e Diocleciano. O perigo óbvio de união da Igreja com o Estado, seja através do apoio estatal a escolas paroquiais, seja através do envio de embaixadores ao Vaticano, é iluminado pelo declínio da espiritualidade na Igreja e pela interferência do poder temporal na Igreja a partir do controle do Concílio de Nicéia por Constantino em 325. Tennyson, em seu poema Ulysses, nos relembra que “somos uma parte de tudo que encontramos”.

C – A História da Igreja como um Guia – A reparação dos males existentes na Igreja ou o evitar dos erros e dos costumes equívocos é outro valor do estudo do passado da Igreja. O presente é certamente o produto do passado e a semente do futuro. Paulo nos lembra em I Coríntios 10:6,11 que os eventos do passado devem nos ajudar a evitar o mal e buscar o bem. O estudo da Igreja Católica Romana na Idade Média revelará o perigo do eclesiasticismo contemporâneo que parece insinuar-se no protestantismo. Novas seitas aparecem geralmente como velhas heresias travestidas. A Ciência Cristã pode ser melhor compreendida depois de estudados o gnosticismo na Igreja primitiva e as idéias dos albigenses nos tempos medievais. A ignorância da Bíblia e da história da Igreja é a razão principal por que muitos se enveredam por falsas teologias e por práticas erradas.


D – A história da Igreja como um Força Motivadora – A História da Igreja também oferece edificação, inspiração ou entusiasmo, que estimula uma vida espiritual elevada. Paulo cria que o conhecimento do passado ajudava na vida cristã (Rm, 15:4). Ninguém estuda a brava postura de Ambrósio de Milão, ao recusar a Comunhão ao imperador Teodósio até que ele se arrependesse do massacre da multidão tessalônica, sem se sentir encorajado a lutar por Cristo contra o mal dos altos círculos políticos ou eclesiásticos. A disposição e a força que capacitaram Wesley para pregar mais de dez mil sermões e viajar milhares de quilômetros a cavalo são destaques a se considerar e desafios aos cristãos que dispõem de meios melhores para viajar e estudar, mas que deles não têm feito uso adequado. Pode-se não concordar com a teologia de Rauschenbusch, mas não se pode negar a inspiração que ela significou por seu interesse em aplicar o Evangelho aos problemas sociais. A história da vida de Carey foi e é uma inspiração para a obra missionária. O aspecto biográfico da história da Igreja é algo que inspira e desafia o estudante.

Há também edificação quando alguém toma consciência de seu passado espiritual. É muito bom o cristão tornar-se consciente de sua genealogia espiritual, como o é para o cidadão estudar a história de seu país a fim de que possa se tornar um cidadão consciente. Ao demonstrar o desenvolvimento genético do cristianismo, a história da Igreja é para o Novo Testamento o que o Novo Testamento é para o Velho. O cristão precisa se conscientizar dos principais desenvolvimentos do crescimento e progresso do cristianismo assim como da verdade bíblica. Desse modo, ele se sentirá parte do corpo de Cristo, que inclui um Paulo, um Bernardo de Claraval, um Agostinho, um Lutero, um Calvino, um Wesley ou um Booth. O sentido de unidade que surge do conhecimento da continuidade história produzirá um enriquecimento espiritual.

Alguém temeroso pelo futuro da Igreja nos países onde ela é perseguida se fará mais esperançoso na medida em que perceber a indestrutibilidade da Igreja em tempos passados. Nem a perseguição externa, nem a incredulidade interna, nem a teologia falsa permanecerão diante da força perene da renovação que se observa na história dos reavivamentos da Igreja, Mesmo os historiadores seculares reconhecem que o reavivamento wesleyano foi o instrumento que salvou a Inglaterra de uma revolução semelhante à Francesa. Para quem vê o poder e Deus operando na história passada, o estudo da história da Igreja oferece uma influência estabilizadora num tempo de secularismo.

Nós devemos lembrar, contudo, que a igreja pode ser destruída em uma área particular ou pela decaída interna ou pela pressão externa, ou ambas juntas. A excelente igreja na antiga Cartago, os Nestorianos no século XVII na China e a Igreja Católico-Romana do Japão no século XVI, todos desapareceram.


E – A História da Igreja como uma Ferramenta Prática – A leitura da História da Igreja tem muitas utilidades para o obreiro cristão seja ele, ou ela, evangelista, pastor ou professor. O autor tem se comprazido em ver como a teologia sistemática se tornou mais inteligível ao estudante que estudou seu desenvolvimento histórico. As doutrinas da Trindade, de Cristo, do pecado e da soteriologia jamais serão suficientemente entendidas sem um conhecimento da história do período que vai do Concílio de Nicéia ao Concílio de Constantinopla, em 680.

Um farto material ilustrativo para sermões está à disposição do estudante da história da Igreja que tenciona pregar. Quer ele evitar a iminência dos perigos de um misticismo cego que coloca a iluminação cristã no mesmo nível da inspiração da Bíblia? Que ele estude, então, os movimentos místicos da Idade Média ou o quacrismo primitivo. Se ele procura avisar contra os perigos de uma ortodoxia desligada do estudo e da aplicação dos ensinos da Bíblia, deve atentar para o período da fria ortodoxia no Luteranismo a partir de 1648, que criou uma reação conhecida como Pietismo, um movimento que destacou o estudo sincero da Bíblia e a prática da piedade na vida diária.

F – A História da Igreja como Força Libertadora – Finalmente, a história da Igreja tem um valor cultural. A história da civilização ocidental é incompleta e ininteligível sem uma compreensão do papel da religião cristão no desenvolvimento desta civilização. A história do homem não pode ser divorciada da história de sua vida religiosa. Os esforços de déspotas através dos séculos em eliminar a religião redundam sempre na substituição da religião cristã por alguma religião falsa. Tanto Hitler como Stalin, ao enfatizarem a raça e a classe social, deram aos seus sistemas um elemento religioso.

Quem estuda a história da Igreja jamais se isolará em sua denominação. Ele sentirá a unidade do verdadeiro Corpo de Cristo através dos séculos. Ele se fará humilde quando encontrar os gigantes da sua herança espiritual e perceberá o quanto lhes deve. Ele se tornará mais tolerante para com aqueles que dele diferem em questões não-essenciais mas que, como ele, aceitam as grandes doutrinas básicas da Fé, como a morte vicária e a ressurreição de Cristo, ensinadas por Paulo em Atos 17:2,3 e I Coríntios 15: 3,4.